sábado, 17 de novembro de 2007

O mundo nas minhas mãos


O MUNDO NAS MINHAS MÃOS


Se eu tivesse o mundo nas mãos!
Ai se eu tivesse o mundo nas mãos!...

Ele seria belo, nobre, maravilhoso
Não havia guerras, nem fome, nem dor!
Se eu tivesse o mundo nas mãos
Tudo seria diferente
Porque a vida era transparente
E todos sentiam o verdadeiro amor!

Se eu tivesse o mundo nas mãos
Não havia ricos nem pobres
Porque os que tinham mais
Davam aos que tinham menos
E todos seriam iguais!

O crescimento não se media pela economia
Mas pela amizade, pela cooperação e pela simpatia,
Não havia desemprego nem imposto
Porque todos trabalhavam com gosto
Para construir um mundo com dignidade
- E nunca por obrigação ou necessidade!

Se eu tivesse o mundo nas mãos
Ninguém tinha medo de se sujar
Sempre que fosse necessário algo fazer!
Não havia doutores nem subordinados
E todos eram sempre respeitados!

O ambiente era limpo e não havia poluição
Só se produziam produtos saudáveis
Até as embalagens eram biodegradáveis!
Não havia ginásios nem comidas rápidas
Cada um usava a sua energia em coisas práticas!

Se eu tivesse o mundo nas mãos
Não havia limites, nem muros, nem fronteiras
Cada pessoa vivia onde e como desejasse
E respeitavam-se as diferentes maneiras
Ainda que com elas não se concordasse!

Não havia prisioneiros nem cadeias
Porque o crime era abolido
E as polícias não faziam sentido!

As mulheres não praticavam o aborto
Porque havia planeamento familiar,
E as crianças não eram abandonadas
Porque tinham sempre alguém delas a cuidar!

Se eu tivesse o mundo nas mãos
Todas as crianças iam à escola
E aprendiam matérias úteis
Nunca levavam na sacola
Jogos de guerra e coisas fúteis!

As pistolas e outras palavras
Não estavam no dicionário
Porque as armas não existiam
E o poder não era o objectivo diário!
A tecnologia usava-se, sim
Mas para que todos conhecessem
O mundo como um imenso jardim!

Não havia na internet pornografia
Nem filmes com violência na tv
A publicidade para a cultura remetia
E o resultado esperado cada um o vê
Pois se o mal não entrar na imaginação
Não se transforma um dia em acção!

Os grandes valores não eram materiais
Mas humanos, e para todos iguais
Valorizava-se o saber, a inteligência, a dedicação
E até os menos capacitados se tinham como normais
Pois quando se olha com coração
Até nos mais fracos se vêm coisas especiais!

Se eu tivesse o mundo nas mãos
Desde cedo se distinguia
O que é a brincar e o que é sério
E dos mais novos aos anciãos
Tal nunca se misturaria
Para do mundo não haver mistério!

Os jovens não tinham comportamentos de risco
Porque a responsabilidade era a sua lei,
Não havia mortes na estrada
Porque os automóveis andavam devagar
E todos tinham sempre tempo para chegar.

Não havia droga nem prostituição
Pois cada pessoa era feliz na sua íntima união
E não existia o dinheiro
Porque tudo se distribuía sem condição.

Os hospitais quase não eram necessários
Os medicamentos só na última opção
Os lares, orfanatos e berçários
Substituídos pela família, com coração!

Se eu tivesse o mundo nas mãos
Ninguém desejava ter fama
Apenas dormindo na cama
Mas os homens eram conhecidos
Por trabalhos por eles desenvolvidos!

Todos frequentavam a universidade
Porque o conhecimento era a prioridade
Todos sabiam escrever, pintar e compor…
A cultura e a arte eram vividas com primor!

Não havia preguiça, nem injustiça, nem inveja
Não se pediam desculpas
Não se sentiam culpas
Nem se pagavam multas!

Não se corria contra o tempo
Nem se fazia da vida um tormento!
Ninguém se suicidava
E só de felicidade se chorava!

As diferenças eram respeitadas
Cada um respondia por si
E só faria pelos outros
O que gostava que fizessem por si!

Se eu tivesse o mundo nas mãos
Ele era simples, belo, pleno
Repleto de enriquecimento
Em cada pessoa, animal, ou flor
E até no último momento
A despedida era um acto de amor!

Se eu tivesse o mundo nas mãos…
Mas…
Eu não tenho o mundo nas mãos!
Não tenho, não…
Ensinaram-me…
Ensinaram-me eu aprendi
Que não tenho o mundo nas mãos
Ensinaram-me
Que o mundo não está nas minhas mãos…
O mundo
Está nas mãos de Deus!




(Julho de 2007)

Espaço em branco

ESPAÇO EM BRANCO


Este espaço em branco deixado

É para nele haveres colocado

O que de mim gostavas de ouvir!

E quem me dera a mim saber

O que nele vais escrever

Para melhor te poder sorrir!

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Um poema chamado Viana

UM POEMA CHAMADO VIANA


Não há palavras para descrever

Aquilo que estou a ver, aquilo que estou a sentir!

Não há palavras para definir…

Esta alegria tamanha que sobre mim se abate,

Esta emoção intensa que me tomou de arrebate

Não há palavras!...


Como pode alguém viver

Sem esta terra conhecer,

Sem nela se embrenhar,

Sem por ela se encantar!?


Sim, eu sei, o mundo é imenso!...

Há milhares de lugares belíssimos!

Milhares de terras encantadoras!...


Mas Viana!...
Viana é singela, é pura, é nobre!

Viana tem encantamento que qualquer pessoa descobre,

Seja ela abastada ou, como dizer, sim, pessoa mais pobre,

Pois desperta sentimentos que o quotidiano encobre…

— O dinheiro dos ricos esta beleza não compra!

A simplicidade dos pobres a mesma beleza encontra!


…Na paisagem, no património, nas tradições, na gastronomia

Nos materiais que mãos transformam em arte, por magia!

— Conhecer Viana é sinónimo de ser feliz,

É conhecer a obra do mais perfeito artista,

E não é por acaso que toda a gente diz:

— Viana é amor à primeira vista!



Dedicado a Viana do Castelo (2006)

Menina Linda

MENINA LINDA


Minha menina linda,

És a coisa mais querida,

O sol da minha vida

Que no meu coração não finda!


Conheci-te uma donzela

Ajudei-te a crescer.

Hoje, continuas bela

Transformas-te todo o meu ser


A melhor mulher do mundo

Um dia eu te chamei

Disse-te coisas que não sei!

Não te esqueci nem um segundo!


Ainda que a poesia

Nada tenha para te dizer,

Só por ti eu diria

Já valeu a pena viver!


Pois agora eu percebi

Mesmo que não penses assim,

Mais do que tu gostares de mim,

O importante é que eu gosto de ti!




Um poema de amor

UM POEMA DE AMOR


Um poema de amor aqui escrito

Como o fizeram todos os poetas,

Mesmo usando palavras incorrectas

Pode ser declamado como favorito;


Amor que todos os cantores cantaram,

Melodias por compositores compostas,

Estátuas nuas em museus expostas,

Pintores que em telas fantasiaram;


Causa maior de todas as histórias

Em nobres salões e palcos encenadas,

Em livros, filmes, e nas memórias…


…Enredos que mais não são que o reflexo

De hormonas em entranhas segregadas…

Pois, o que seria do amor se não houvesse o sexo!?...




O Atleta

O ATLETA


O atleta esforçado

Merece ser recompensado.

Cada prova é uma batalha,

A luta por uma medalha,

Um objectivo alcançado!


Individual ou em equipa

O seu clube dignifica.

E com grande emoção,

Todos o aplaudirão

Por uma imagem que fica,


De um dia glorioso,

Um atleta vitorioso,
Para sempre no nosso coração!...



Poema para o meu amor

POEMA PARA O MEU AMOR


O teu olhar parou o meu olhar num mar de gente

A dançar, sem o passo acertar, eu te falei

Foste o meu contentamento descontente

Desd’aquele primeiro momento que te olhei.


Seis anos são passados entretanto

Em praias, passeios, noites, e uma flor

Hoje, eu te desejo tanto, tanto...

Tu és e tu serás eternamente o meu amor!


Do meu sombroso Porto à tua airosa Viana

Minhas mãos irei pôr em tua algema.

Será esse, agora e sempre, meu único e grande lema!


Porque a sina não perdoa a quem ama,

Pensando em ti eu peguei a minha pena,

E – minha querida Cidália – para ti, escrevi, com amor, este poema!...


(dedicado à Cidália)

Oitenta e Nove Freguesias

OITENTA E NOVE FREGUESIAS


Oitenta e nove freguesias

Formam um concelho sem fim,

Vila Cova aponta para o mar

Para a montanha aponta Martim!


Negreiros lá mais a sul

É uma terra com sorte,

Só difere de Balugães

Por esta ser mais a norte!


Ucha, Lama e Manhente

São nobres como Adães,

Em Carapeços há boa gente

Como em Barqueiros e Durrães!


Alvito, Tamel, e Areias

São recordadas muitas vezes,

Mas há quem sinta nas veias

A freguesia de Cambeses




(dedicado a Barcelos, 2003)

Quero Amar-te

QUERO AMAR-TE


Quero amar-te como ninguém te amou;

Em toda a parte quero ter-te sem fim;

Como se fosses tu uma parte de mim;

Amar-te até desconhecer quem sou;


Quero encontrar-te se ninguém te encontrou;

Passear contigo entre as flores do jardim;

Colher as mais perfumadas que o jasmim;

Para que por ti saibas quem se apaixonou.


Quando te imagino sabes o que eu vejo:

Alguém que encheria todo o meu ego;

Por isso encontrar-te é o que eu almejo.


E se não podes amar-me por medo

Aqui te deixo um secreto desejo:

Seremos amantes em grande segredo!




Vieira do Minho... Quanto Carinho!

VIEIRA DO MINHO... QUANTO CARINHO!


Era uma vez uma terra que não tinha aeroporto, caminhos-de-ferro, nem porto de mar!

Também não tinha arranha-céus, grandes indústrias, nem auto-estrada!

Era uma terra onde o tempo passava devagar,

Tão devagar que se dizia que nela não acontecia nada…

Era uma vez uma terra encantada!...


Encantada pela verdura dos seus campos!…

Encantada pela fertilidade das sementes!...

Encantada, e muitos eram os encantos,

Engrandecidos pela pureza das suas gentes,

Que a todos acolhiam sorridentes, com abraços quentes, e contentes!...


Era uma vez uma terra,

– Sim, uma terra, era uma vez!...

– Nascida nas encostas duma serra,

Fosse ela da Cabreira, ou do Gerês!...

Era uma vez uma terra!… Uma terra encantada!... Talvez!...


Com montes e vales, pontes e rios, muitos desafios…

Todos tinham que a conhecer, e aprender,

A história gravada em rostos sadios, e nos casarios,

Achados antigos, marcados, artigos, para nunca esquecer!...

Caminhos traçados, animais destemidos que do alto aos baixios vêm beber!


Era uma vez uma terra da qual não se perdia a imagem,

Como se fosse a pintura nobre de um museu, sua moldura, sua tela,

Pintada de azul e verde, todas as cores, na paisagem,

Uma tela natural, que se podia passear nela, tão bela, e singela…

Águas em silêncio sobre as pontes das lagoas, das barragens, ou agrestes na Misarela!...


Mais que tela, era uma vez uma terra que envolvia intensamente…

Os olhos não viam, mas o vento, as aves, as árvores, o silêncio, eram ouvidos!

E nela uma vez envolvidos, loucamente,

Perfumes e odores saem das cozinhas dos pastores – os sabores mais apetecidos…

Era uma vez uma terra que envolvia em todos, e por todos, os sentidos!...


Era uma terra onde a pureza da vida ainda era real,

Onde se encontrava a paz, a saúde, a alegria, a felicidade…

Porque tinha tudo o que era natural,

E era fácil o acesso à civilização, ao progresso, à cidade…

O mar e as praias não estavam longe, o aeroporto, a modernidade!


Era uma terra onde o progresso ainda não tinha trazido o que há de negativo:

– A indiferença, nua e crua, entre as pessoas da rua; o trânsito; o stress; a poluição…

– Os afectos partilhavam-se quer se fosse ou não fosse conhecido,

Nenhuma pessoa se cruzava sem haver uma saudação,

Por isso esta terra entrava, e ficava, no coração! Que sensação!...


Uma terra onde sonhar ainda era permitido,

Onde a fantasia pairava como bruma sobre as encostas ao amanhecer,

E os raios de sol faziam brilhar de todas as cores as gotas do orvalho na noite caído…

Ou então, porque não, passar noites ao serão, sobre céu, até o sol nascer,

Ver as estrelas tão brilhantes, cintilantes, como se muito tivessem para nos dizer!...


Ouvir a noite, sons estranhos, das árvores, das águas, dos animais, sei lá que mais…

Talvez fadas, duendes, gnomos, seres misteriosos que descem das montanhas,

Coisas que se podem imaginar, por todas aquelas florestas, abismais,

Sei lá que coisas, viajam nas águas, nos ventos, coisas sem corpo, e tamanhas,

Coisas normais para os habitantes locais, mas que aos outros entram pelas entranhas!...


Terra de vários concelhos formada, termos, coutos e vilas, extintos,

Testemunhos, muitos, arqueológicos achados,

De povos antigos habitando seus labirintos,

Mamoas, menires, figuras rupestres, castros, e utensílios pouco explorados,

Todos os tempos humanos podem aqui ser recordados!...


Suevos, Romanos, Napoleónicos e Liberalistas

Todos em ti fizeram história!...

Basta olhar atentamente e se encontram as pistas,

O foral de D. Manuel fica retido na memória,

Mas quantos mais actos te levaram, e levarão, à glória!


Quero passear na via de Astorga como os romanos,

Abrigar-me como os pastores nos abrigos da Serradela,

Caçar os lobos nas armadilhas, levados com enganos,

Ou ler a pedra escrita no vale do Turio – o que diz ela?!...

…Ninguém levará a mal, se dançar, no festival, da ilha do Ermal – vida bela!


…Porque a harmonia entre a terra e o homem permanece,

Após muitos anos de história – e de histórias… que histórias! – de um longo passado,

Não há o dia em que por estar ferida a natureza se enfurece,

Como noutras terras acontece, por seu equilíbrio haver sido provocado!

– Como esta terra não há outra em nenhum lado!...


Para que serve a civilização, a ciência, a tecnologia,

Se não trazem ao homem o que ele precisa no seu caminho,

E que esta terra tem, envolto em poesia…

– Alimento, ar puro, tempo, ternura – amor – e carinho…

Só em ti, minha…Vieira do Minho!




(Dedicado a Vieira do Minho, 2007)

Aveiro Primeiro

AVEIRO PRIMEIRO

Se,

Recuarmos ao infinito do tempo

E encontrarmos a origem da vida

Sabemos que houve um momento

Em que ela assim foi definida;

Foi quando a imensidão dos mares

Se uniu com ao pó quente da terra

E nos mais perfeitos lugares

O segredo da vida se encerra;

Foi onde se encontrou a harmonia

Entre os elementos da natureza

No universo surgiu um novo dia

Repleto de pura beleza…

Também,

Se partíssemos do fundo do mar

E subíssemos ao alto da serra

Entre ambos iríamos encontrar

A essência da vida na terra…

Por isso,

Devemos todos concordar,

Que se da vida houvesse um viveiro,

Em Portugal onde ele iria estar,

Com certeza que era em Aveiro!

Primeiro,

Vou subindo no moliceiro

Pelas calmas águas da ria

E em cada canal eu diria:

Como não te vi antes Aveiro!?

Apreciando o belo casario

Que dos reis já se faz história

Não mais sairás da memória

Terra foz do Vouga, o rio

Salinas brancas na terra plana…

Quando te vejo sabes o que eu faço?!

Recordo a Infanta Joana…

Ovos moles na feira de Março…

Se houver quem não te aclama,

Compense-te o meu abraço!

Depois,

Não é por acaso Aveiro

Que mereces entrar no roteiro

Daqueles que surgem primeiro

Em Portugal e no mundo inteiro

Não é por acaso Aveiro!...

Dedicado a Aveiro (2007)

Tu

TU


Quando olho as estrelas,

Penso em ti!

Quando olho o mar,

Penso em ti!

Tudo me diz uma coisa:

Só quero que estejas aqui!

Só aqui me dás alegria,

Só aqui me dás felicidade!

Junto a ti vivo fantasia,

Junto a ti sinto realidade!

Contigo tudo é poesia,

Contigo só há uma unidade!

O amor! Tu e eu!

Mais que todas as estrelas do céu!...




Hino ao Gil Vicente

HINO AO GIL VICENTE


Gil Vicente!

A tua gente vai-te apoiar!

Gil Vicente!

Vai em frente, tu vais ganhar!

Gil Vicente!

Neste dia se faz história!

Gil Vicente!


Esta alegria é tua vitória!

Cantaremos vezes sem fim

Até o Gil mostrar que sim,

E as bandeiras se agitarão

P’ra todos nós tu és campeão!


Gil Vicente!

Tua cidade tu honrarás!

Gil Vicente!

É a’mizade qu’aqui nos trás!

Gil Vicente

Com ousadia irás vencer!

Gil Vicente!

Em harmonia vamos crescer!



(Dedicado ao Gil Vicente Futebol Clube, 2003)

Festa das Flores

FESTA DAS FLORES


Em 2004 a Campo Maior

Minhas férias vim passar,

Nunca imaginei ver tanta flor

Em tanta rua a ornamentar!


Lá no Minho de onde eu sou

Também fazem muitas festas,

Mas ninguém imaginou

Fazer umas como estas!


Aquilo que estou a ver

Até custa a acreditar,

E sei que para agradecer

Alguém teve que chorar!


É como ir ao céu

Estar num sonho, ver magia,

É como se um véu

Tudo envolvesse em poesia!


Parabéns a este povo

Do fundo do coração,

Pois me deu algo de novo

Que senti com emoção!




(Dedicado a Campo Maior, 2004)

Martelo de S. João

MARTELO DE S. JOÃO


Na noite de S. João,

Havia uma tradição

Que a todos dava alegria!


Um martelo a assobiar,

Na cabeça a martelar,

Que às vezes até doía!


Mas vieram os forasteiros,

De muitos ares estrangeiros,

Todos de laranja vestidos!


Que sem nada perceber,

Noutro lado começam a bater,

E era vê-los destemidos.


E as moças até gostaram,

Pois as nádegas abanaram,

Para melhor lhe martelar!


E quem sabe se no rol,

Por causa do futebol,

A tradição não vai mudar!



(Dedicado ao S. João de Braga, 2004)